Sandice Evolucionista
Inseto robótico esclarece elo perdido entre dinossauros e aves
sexta-feira, outubro 21, 2011
Inseto robótico esclarece elo perdido entre dinossauros e aves
Moisés de Freitas - 20/10/2011
As
asas melhoraram a mobilidade geral do inseto robótico, mas não seriam
suficiente para que ele pegasse voo, em acordo com a atual teoria da
evolução dos pássaros. [Imagem: Kevin Peterson/Berkeley Biomimetic
Millisystems Lab]
De tiranossauro a beija-flor
Ao
testar uma pequena barata-robô, pesquisadores acreditam ter lançado
alguma luz sobre a evolução das asas e a origem do voo das aves.
Entre
os muitos elos perdidos na história da evolução animal, uma dos mais
instigantes é aquele que se acredita existir entre os dinossauros e as
aves - sim, a teoria atual afirma que as aves são descendentes diretas
dos dinossauros.
A
pergunta básica que os biólogos se fazem é: Qual seria a função inicial
das asas, uma vez que, em seus primórdios, o animal não saberia usá-las
para voar, e elas nem mesmo seriam suficientes para isso?
Em
outras palavras, mesmo sabendo que há fósseis de sauros com penas, por
que a cega e insensível evolução teria começado a colocar asas em
dinossauros?
Equilíbrio e eficiência
A resposta pode ser: para ajudá-los a manter o equilíbrio e se moverem de forma mais eficiente.
Esta é a conclusão de Kevin Peterson e seu professor Ron Fearing, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos.
Eles
estavam estudando um pequeno robô com mobilidade similar à de um inseto
- o DASH (Dynamic Autonomous Sprawled Hexapod) foi inspirado em uma
barata.
Como
o andar do robô deixava a desejar, eles resolver instalar asas para ver
se isso o ajudaria e ser tão esperto quanto seu modelo inspirador. E as
conclusões foram mais interessantes do que os pesquisadores imaginavam.
Embora
as asas tenham melhorado significativamente o desempenho do DASH na
corrida - acelerando-o de 0,68 metro por segundo (m/s) para 1,29 m/s -
isso não seria suficiente para que ele decolasse.
Mas,
como o bater as asas melhorou ainda mais o desempenho, os cientistas
acreditam que isso seja um reforço para a hipótese de que o voo começou
com animais que saltavam de árvores e abriam suas proto-asas para
planar.
Além
de permitir o planeio, as asas permitem que o robô suba em superfícies
bem mais íngremes, passando de uma inclinação máxima de 5,6 graus para
16,9 graus, também condizente com o comportamento de um animal que
precise chegar o mais alto possível para saltar.
Interesses conciliáveis
O
biólogo Robert Dudley, também de Berkeley, afirmou que a barata
robótica não é o melhor modelo para estudar o voo dos pássaros porque
ela tem seis pernas, e não duas, e suas asas são de plástico inteiriço,
muito diferente de penas.
Por isto, este experimento não é suficientemente preciso para ser incorporado no estudo da evolução.
Mas
ele gostou do uso de robôs para estudar a biologia evolutiva: "O que os
experimentos conseguiram foi demonstrar a viabilidade de usar modelos
robóticos para testar a hipótese das origens do voo."
Então, agora é só construir modelos mais similares aos dinossauros, cujos fósseis preservaram as primeiras penas.
O professor Fearing, por seu lado parece estar mais interessado na evolução dos seus próprios robôs.
"Nosso
objetivo maior é dar aos nossos robôs as mesmas capacidades de
mobilidade em qualquer terreno que os animais apresentam. No mundo real,
há situações onde voar é uma opção melhor do que escalar, e outros
lugares onde voar não funciona porque não há espaço suficiente. Nós
precisamos de um robô híbrido corredor-voador," afirmou ele.
Talvez um "VelociBot" com penas possa atender aos interesses dos dois pesquisadores.
Bibliografia:
Experimental Dynamics of Wing Assisted Running for a Bipedal Ornithopter
Kevin C. Peterson, Ronald S. Fearing
IEEE Int. Conf. Intelligent Robots and Systems
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